Direito & Design
O PODCAST DE LEGAL DESIGN
NOTAS DO EPISÓDIO
Temporada
1
Episódio #
11

Já pensou em abandonar o direito?

Nesse episódio eu falo do que acontece quando alguém resolve chutar o balde. Conto um pouco da minha história e de outras pessoas que passaram por isso. Você também já quis tomar outro rumo? Vai lá no anaholtz.com.br e me conta a sua história. Você vai encontrar artigos e se conectar comigo para saber o que está acontecendo no mundo do direito e design.

Introdução

[00:00:18] Você já pensou em abandonar o direito? 

Eu já. Larguei e voltei. 

Hoje vou contar um pouquinho dessa minha história e a história de mais três pessoas que se reinventaram no direito.

Eu não gosto de direito

[00:00:29] Uma das coisas que eu mais escuto dos meus alunos e mentorados é: “Ana descobri que eu não gosto de Direito, e me encontrei no Legal Design”. 

Se você não gosta de Direito vá fazer qualquer outra coisa que não tem a ver com “Legal”, Jurídico, Direito, "Law''. Porque se você for trabalhar com Legal Design você vai continuar enfiado no mundo do Direito e vai precisar de conhecimento jurídico e principalmente experiência. Não dá para fazer Legal Design sem ter prática jurídica, ou sem saber como as coisas funcionam no dia a dia. Mas essa frase “descobrir que eu não gosto do direito” é muito apaixonada, vem carregada com todo aquele amor e ódio.  

Você tem certeza que o Direito não é mais para você? Esse teu ranço é com o Direito ou com alguma coisa que faz parte desse pacote? Talvez você não goste só de algumas coisas. Pode ser que você não goste de fazer audiência, de despachar com o juiz, de controlar prazo ou de fazer relatório para auditoria se você trabalha em uma empresa. Pode ser que você não se sinta bem numa equipe jurídica ou dentro de um escritório de advocacia. 

Agora, o que é que te incomoda? O que é que não tem a ver com você? Faz uma listinha.

Alguma vez você já pensou que dá para trabalhar com Direito sem “ter que” fazer certas coisas? Aliás essa frase precisa ser abolida da carreira. Agora você “tem que” estudar isso, você “tem que” ser quatro ponto zero, agora “tem que” saber programação, Mandarim, Legal Design. 

Respira.

É aquela coisa que a gente escuta desde o tempo da faculdade. Advogado “tem que” ser desse jeito. Igual série de tribunal da Netflix ou igual em site de escritório que enfileira todo mundo de paletó preto com o braço cruzado no paredão para tirar foto. 

Quem é que é assim? Quem aguenta isso? Quem disse que isso é direito? 

Ou agora todo advogado precisa aparecer moderno, dizer que é disruptivo e mostrar diploma de soft skill e jogar umas palavras em inglês no meio da conversa. O “novo normal”, que coisa chata! 

Tendência? Moda? Fuja! A nossa profissão é séria, trabalha com conceitos bastante sólidos, e precisa sim estar adequada ao dia a dia e contemporaneidade, mas dizer que “tem que”, isso não. 

Para onde ir?

Ana, mas para que lado eu vou com todo esse ruído em volta de mim o tempo todo, dizendo que “tem que ser isso” ou que “tem que ser aquilo”.

Você vai para dentro!  

Essa é a minha opinião, foi o que funcionou comigo. Ana, agora você vai me dizer para meditar? Não é nada disso (apesar de que meditar e ficar em silêncio um pouco sempre ajuda), o que eu tô querendo te dizer é que você deve olhar para as tuas habilidades e para tua especialidade jurídica. 

Se você não gosta de direito, o que te trouxe até aqui? O que você gosta no direito? O que é que você faz bem? Aí não importa o tempo de carreira você pode estar na faculdade ou você pode ter 30 anos de profissão. Você está nisso por alguma razão.

Se depois de fazer essas perguntas você não achar nada que você goste ou que você gostaria, cai fora mesmo. O mundo do Direito não precisa de mais um profissional frustrado e você não merece isso. 

Até para dar valor, sabe? É como uma relação, às vezes parece que o namoro terminou, ou, o casamento não tem mais jeito. Você cai fora, mas descobre que não era bem assim, começa a sentir saudades de algumas coisas depois de um tempo. Então faz bem, às vezes tomar alguma distância. Foi o que aconteceu comigo. 

Eu larguei o Direito de vez. Parei de pagar a OAB e fui para área de pesquisa, comportamento e depois para o design. Estava trabalhando com design, e quando eu percebi já tinha dado um jeito de levar o design para o direito. Eu não consegui ficar longe por muito tempo! Eu estava lá no design dizendo que não gostava de direito, mas eu continuava acompanhando tudo o que acontecia no mundo jurídico. 

Sabe aquela coisa de EX que fica “stalkeando” ou fuçando no perfil? Era eu lá no design. Negando as aparências disfarçando as evidências. Até que eu fui voltando, juntando as coisas, e quando percebi o meu negócio tinha virado Direito e Design. 

[00:06:53] Minha amiga e meu amigo, não dá para enganar o seu coração. Quando você gosta do negócio, você gosta. Eu precisei de um vai e vem danado e gastei bastante tempo nesse drama do “gosto e não gosto”.

Na verdade a empresa dos meus sonhos, ou, o trabalho dos meus sonhos nunca existiu, prontinho ali para mim. Ah, mas se eu soubesse que o negócio era descobrir o que é que no direito eu não gostava!  

O que te incomoda no Direito? O que te deixa desconfortável? Sabia que não é errado se sentir confortável no trabalho? 

Muitos falam sobre sair da zona de conforto e aí as pessoas ficam anos infelizes no trabalho porque acham que é assim que tem que ser. 

Zona de conforto? Oi? Eu acho essa palavra péssima. Você não precisa sofrer para progredir na vida! 

Explorar novos horizontes, estudar coisas diferentes e arriscar, quem disse que isso precisa ser desconfortável? Como é que alguém que está desconfortável pode estar feliz com alguma coisa. Busque conforto sim. 

Em um mundo cada vez mais rápido e incerto do jeito que a gente está vivendo hoje, precisamos nos dar um pouco de conforto. É meio parecido com praticar uma atividade física. Você está lá treinando, e claro, precisa ir às vezes um pouquinho além do teu limite. Se você não é atleta olímpico você não precisa ir além do seu limite todo dia, você se desafia aos poucos. Tem dias que você nem se desafia muito se está cansado ou machucado. Tem dias que você nem vai treinar, porque sabe que está exausto. 

Eu faço Yoga e lá a gente busca encontrar o conforto dentro da própria postura. Quando você ganha uma nova postura tudo dói, é estranho, mas é um processo. Uma hora a postura vai sair e ela vai ficar pronta. O que você faz até lá é encontrar o conforto no desconforto. Para fazer isso você não pode pegar pesado demais, não exagerar. Porque se você exagera hoje, amanhã você está machucado e vai precisar ficar um tempo fora, é um pouquinho a cada dia. Você aprende a encarar a novidade e encontrar o conforto, o teu conforto, o teu limite! 

Mas e aí o que é que te deixa desconfortável no direito?

A abordagem do Design no Direito

Porque eu estou falando isso aqui, o que o design tem a ver com isso? 

[00:10:14] Quando você coloca abordagem de design na tua prática jurídica você muda o jeito de se relacionar com os clientes e com as pessoas que trabalham com você. Não melhora da noite pro dia (não é mágica), mas você começa a enxergar as coisas por um outro ângulo. Porque você precisa resolver novos problemas e descobre que tem habilidades que você não conhecia. O Design ajuda a construir um jeito diferente de trabalhar e entregar aquilo que você faz muito bem de uma outra forma. O design ajuda a entregar o seu produto do jeito que o cliente precisa, e valoriza. 

“Ana, mas isso é um sonho” 

Eu vou te contar rapidinho a história de três alunos, que aqui eu vou chamar de Bruna, Natália e Rodrigo. A Bruna trabalhava no contencioso de um escritório bem tradicional. Ela começou a estudar Legal Design e queria aplicar algumas coisas no escritório. Só que ali ela não encontrava espaço. E foi começando a viver em dois mundos paralelos, de dia ela trabalhava fazendo prazos e à noite e nos finais de semana ela fazia cursos de experiência de usuário e devorava livros de Design. 

Um dia em uma mentoria ela me disse assim: “eu não gosto de Direito e eu não gosto desse lugar onde eu trabalho. Eu preciso mudar.” Só que ela morava em uma cidade do interior, sem muitas oportunidades. Mas a Bruna é viradoura e me disse assim: “ou eu me mudo para a capital ou eu arranjo um trabalho remoto em algum lugar do Brasil”. 

[00:12:06] Eu pensei que seria mais fácil ela ir para o jurídico de uma empresa na capital, e, mesmo com a pandêmia ela conseguiu trabalho em uma Law Tech. Exatamente em uma cidade grande, do jeito que ela queria. 

A história da Natália é um pouco diferente. Ela é uma advogada formada há pouco tempo e que está se especializando na área de saúde, atende clínicas médicas. A Natália descobriu que gosta de fazer contratos e que tem muita habilidade para aplicar o Design na entrega dos serviços. A Natália encontrou um nicho de mercado e já está fazendo projetos. O exemplo dela vale para qualquer advogado que seja especialista em algum assunto E essa é uma das maiores possibilidades que eu enxergo no casamento entre Direito e Design. O profissional que conhece profundamente uma área do Direito e aplica o Design para valorizar esse conhecimento. Pode ser consultor em contrato, parecer, atendimento no contencioso, não importa. A Natália gosta de fazer contratos na área da saúde, mas uma ou outra pessoa pode gostar de consultivo e societário, por exemplo. O Design vai ajudar a entregar o produto do jeito que o cliente precisa. E lógico vai te deixar mais confortável na hora de fazer isso. 

Por último quero te contar o exemplo do Rodrigo. 

O Rodrigo trabalha no jurídico de uma grande empresa. Ele andava cansado daquela rotina fazendo sempre as mesmas coisas e estava até pensando em desistir do Direito. Mas ele achava que não valia a pena procurar emprego em outro lugar, afinal a empresa onde ele está não é ruim, era ele que tinha se desencantado com o Direito. Mas começar do zero em outra coisa depois de tantos anos investindo na carreira de advogado, cursos e especializações, e, um salário bom. Como é que você larga isso com família e filhos? À medida que ele foi conhecendo o design ele começou a enxergar outras formas de fazer aquilo que ele já fazia há muito tempo. Ele descobriu também que a empresa onde ele trabalhava dava espaço para a inovação e começou a aplicar em algumas coisas do dia a dia. 

Com isso o Rodrigo foi recuperando o entusiasmo pelo trabalho e começou a ter ânimo para pensar em novos projetos. 

Você sabe, quando estamos muito tempo trabalhando no mesmo lugar, você nem consegue ver graça em muita coisa, mas à medida que ele ia colocando em prática começou a entender uma outra forma de fazer e começou a se destacar na empresa. Acabou assumindo um papel de liderança e fez as pazes com o Direito. 

Olha eu podia te contar algumas outras histórias aqui e não tem nada de conto de fadas nisso, porque nada aconteceu da noite pro dia. Teve muito choro e frustração nesse caminho e todas essas pessoas trabalham e estudam muito. O que elas têm em comum? Encontraram um lugar confortável no Direito. Elas construíram esse lugar, ou, descobriram que ele existia, ocuparam. 

Ocupem o seu espaço! 

Essa foi uma das melhores dicas que eu já recebi na vida. E ela veio de brinde no meio de uma aula do curso de Design, dita por um professor que é um gigante, o Caio Vassão. Se você tiver algum dia oportunidade de conhecer o Caio, aproveite. 


Você também tem uma história de amor e ódio com o direito para contar? Quer saber mais sobre como aplicar o design e a sua prática jurídica na sua área de especialidade? Conecte-se comigo através do site!

Ocupem o seu espaço e lembre-se estude, pratique e divirta se e conte comigo.


O que isso tem a ver com o direito?

Algumas sacadas que você pode usar na sua prática diária
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