Direito & Design
O PODCAST DE LEGAL DESIGN
NOTAS DO EPISÓDIO
Temporada
1
Episódio #
06

Visual Law II

Quando aplicar Visual Law sozinho e quando contratar um Designer? Qual o papel do Designer? Como treinar minha equipe? Nesse episódio trato dessas questões e também do relacionamento entre Designer e Advogado.

Introdução

[00:00:09] Visual Law. Esse foi o tema do episódio anterior também, onde eu tratei das dúvidas mais frequentes -O que é, para que serve, e o que o Judiciário pensa sobre isso. Eu recebi várias perguntas, aliás eu quero agradecer a todas as pessoas que me escrevem contando suas experiências, desafios e resultados com o Visual Law. São vivências muito ricas e bastante semelhantes às vezes. Nos cursos presenciais esse debate costuma render, e, é sempre positivo cultivar um canal de comunicação com quem também está aplicando o Visual Law. 

Um tema que gera muita dúvida é a relação designer - advogado, e a contratação do profissional do design. 

No direito a gente não está acostumado a contratar designers. A gente contrata peritos, assistentes, contadores, mas não designers. Então como, e quando contratar? Como conduzir o trabalho? E qual é o papel de cada um desses profissionais. Pela minha experiência, também em projetos, eu sei que não é uma relação muito simples, pois nós trabalhamos no campo da incerteza e quando começamos um projeto existem muitas dúvidas e muitas questões em aberto. Conduzir todas essas questões para um bom resultado requer uma certa prática e, também, uma relação bem “azeitada”. Então eu escolhi tratar disso nesse episódio 

Dá para fazer Visual Law sozinho?

Quando é preciso contratar um Designer? Será que posso fazer sozinho, ou, será que preciso sempre contratar um Designer? Se eu contratar um Designer, contrato para fazer uma peça específica, ou, contrato para trabalhar no meu escritório junto com minha equipe?

[00:02:38] Para todas essas perguntas a resposta é: depende do volume de trabalho, e, do teu interesse, ou não, em aplicar Visual Law sozinho. 

Em um primeiro cenário vamos imaginar que você quer aplicar sozinho. 

Eu mencionei no episódio anterior que você pode experimentar o uso de elementos gráficos aos poucos. Você pode criar um documento mais organizado no Word, como um gráfico ou uma linha do tempo e ir devagar. Se isso supriu a necessidade agora, se você tem interesse em fazer sozinho, e se você dá conta do volume, então não é preciso contratar um designer.

Com o estudo e, principalmente, muita tentativa e erro você vai aprender a fazer algumas coisas, mesmo usando o Word, PowerPoint, Excel e o Canva. O Canva é um aplicativo australiano que democratizou o design. Você já experimentou? Ele é perfeito para quem está começando e vai muito além de fazer posts no instagram e vídeos de aniversário, e, a versão gratuita já resolve muita coisa. É possível que se você tem adolescente em casa ou alguém que gosta mais de experimentar esse tipo de ferramenta já tenha visto usando. Mas se você gosta ou quer se aprofundar ainda mais. Então explore os programas de design, como o Illustrator e o InDesign do pacote Adobe, e faça um curso rápido de design gráfico. Se você dá conta do volume sozinho, ou, se você tem tempo para ir testando e experimentando, você vai se aperfeiçoar e vai conseguir produzir peças visuais sim. 

[00:04:44] O segundo cenário imaginamos que você não quer aplicar sozinho, e, você não tem vontade de se aprofundar. Ou porque você não tem interesse, ou porque você não tem tempo. Então sim, você precisa contratar um Designer. 

Você pode fazer isso pontualmente, para fazer uma peça específica, ou você pode contratar um designer para ficar à sua disposição e à disposição do seu time. Em ambos os casos você vai precisar explicar para o designer o que é que você quer. E aí nós chegamos no nó da questão. A conversa entre uma pessoa com a cabeça jurídica, com uma pessoa com cabeça de design. 

É você que vai explicar para o designer o que precisa ser feito. O designer precisa entender, e, ele vai te explicar o que vocês podem construir juntos. 

Essa é a parte complicada, porque mesmo que você não saiba, ou, não queira fazer o trabalho de Designer, você vai precisar esboçar, esquematizar e entregar alguma ideia inicial para ela(e). Esse primeiro caminho é o advogado quem precisa fazer, sabe porquê? 

Porque nenhum Designer vai mexer em documento jurídico sozinho. Não vai excluir parágrafos e nem reinterpretar trechos. Não vai reescrever títulos e textos sozinhos, e, nem pense em entregar dez páginas de um contrato na mão de um Designer esperando que ele transforme aquilo em Visual Law. Isso é trabalho de uma pessoa com bagagem jurídica. O primeiro passo, o passo inicial, é o advogado que vai definir. Quais os trechos que serão transformados em mapas visuais, onde deve se aplicar um ícone, e qual a identidade mais adequada. Lógico que designer vai evoluir tudo isso, mas precisa partir de algum lugar. E se o advogado não passar as diretrizes, o designer vai ficar perdido. Por melhor que ele seja.

Mas tem uma exceção aí. O Designer-advogado. 

Que é o Designer acostumado a trabalhar com matéria jurídica, e, que tem conhecimento suficiente para interpretar um texto jurídico e transformar. Para esse designer basta entregar as dez páginas de um contrato com um briefing. 

Esse é o meu caso e o caso de tantos Designers que estão se especializando em Visual Law. São pessoas que navegam nos dois universos e têm condições de fazer essa ponte. 

Treinando sua equipe

[00:08:21] O terceiro cenário é:  Você quer treinar sua equipe para usar o Visual Law. 

Outro dia me perguntaram, como ensinar design gráfico para uma equipe de 30 advogados do contencioso? Veja bem. 

Nem todo mundo gosta desse negócio (Visual Law). A gente sabe que é necessário e importante ter uma noção, mas contratar um curso de design para toda equipe não parece ser tão efetivo. Antes de fazer o investimento, olhe para sua equipe e descubra o que as pessoas acham disso. Se elas têm curiosidade, se tem vontade de aprender. 

[00:08:59] Em toda equipe tem alguém que se interessa mais e usa mais algumas ferramentas, e, se sente mais à vontade para experimentar. Mas muita gente tem resistência, medo, vergonha de não saber, não entender, de se expor. É claro que não precisa ter altas habilidades artísticas, na verdade, não é preciso ter nenhum dom. Basta ter vontade, curiosidade e disposição para aprender. Mas a barreira é grande e precisa ser desconstruída com cuidado, sem imposição. 

Com certeza vão ter algumas pessoas da sua equipe que gostam mais, invista nelas então! 

Não importa se elas são estagiários ou advogado sênior, não interessa o nível. Essas pessoas vão incentivar as demais e vão puxar o movimento, mas tem gente que nunca vai querer. 

Mas olha, se você convencer toda sua equipe a escrever de forma mais clara e objetiva já é meio caminho andado. Design gráfico nem todo mundo gosta. Paciência. 

by Freepik

Um Designer na equipe, vale a pena?

[00:10:06] Vale a pena contratar um designer gráfico? É melhor treinar a equipe ou contratar alguém de fora? 

Bom aí é uma questão de matemática. 

[00:10:22] Vamos fazer as contas de quantas horas um advogado da sua equipe gasta para transformar um determinado conteúdo numa peça visual, e, quantas horas um designer gráfico gasta para fazer o mesmo trabalho. Quanto custa a hora do advogado e quanto custa a hora do designer. Pronto. 

Não faz sentido um advogado senior gastar quatro horas em algo que um Designer iniciante faz em meia hora. A proporção é mais ou menos essa, porque a meninada do design raiz trabalha rápido e bem. 

Então não faz sentido um profissional de Direito sofrer horas para entregar um resultado inferior, a menos que seja para aprender.

Recado as Advogadas(os) e as(os) Designers

Com relação à qualidade do trabalho. Eu tenho uma mensagem para os Designers. Lembre-se a gente está fazendo uma peça jurídica, não uma peça publicitária. Às vezes precisa desapegar da perfeição, dos detalhes artísticos, porque o objetivo é passar uma mensagem clara e convencer o leitor/usuário. No direito nós temos várias limitações do meio, e prazos apertados. 

O PDF de uma petição feita no Word num prazo curto dificilmente vai ter a mesma qualidade de um site, mas está tudo bem. Um memorial para uma arbitragem feito no PowerPoint, num prazo apertado de 48 horas. Às vezes essa peça não precisa ser uma peça artística. Se passou a mensagem, convenceu, ficou claro e harmonioso ótimo! 

Eu não estou defendendo o trabalho mal feito, nem feito de qualquer jeito, mas qualidade é sempre proporcional ao tempo disponível, aos recursos e o meio adequado, à vida como ela é! 

Infelizmente no direito nós ainda não temos orçamento igual ao das campanhas de marketing e por isso precisamos fazer do limão uma limonada. Entregar a mensagem e convencer. Porque design de qualidade tem um preço e não é vendido de baciada. 

Por tanto, Advogados, respeitem e valorizem o trabalho do designer. Se você quer a qualidade de material publicitário, existem prazos e valores. Não dá para fazer milagre! 

Lembrando sempre que o importante não é ostentar, mas sim convencer e entregar a mensagem. 

Eu vejo alguns advogados preocupados em divulgar suas peças visuais mostrar e impressionar a audiência. 

[00:13:29] Olha como vencer é mais importante que impressionar. O que me impressiona é o que dá resultado na prática. 

by Freepik

[00:13:41] Pra finalizar, eu quero deixar a seguinte mensagem para fazer Visual Law ou encomendar um trabalho para um designer, você precisa saber organizar e transformar a informação. O designer não vai fazer isso sozinho. e é por isso que você precisa saber o básico sobre Legal Design e a experiência do usuário. Agora se você vai contratar um especialista em Legal Design esse profissional vai transpor a informação para você. 

Obviamente sem se aprofundar nos aspectos jurídicos. Não espere expertise em Direito do Consumidor, Direito Ambiental, Criminal ou qualquer outra área do Direito. A profundidade técnica é do advogado que encomendou a equipe. Afinal o que está sendo contratado é um trabalho de design e não um trabalho jurídico.

[00:14:33] Cara do Legal é o advogado, o cara do design é o designer. 

[00:14:39] Os dois precisam entender um pouco de cada área para conseguir conversar produzir um bom resultado. É complicado no início mas como tudo na vida a prática ajuda muito. 

[00:14:51] O Visual Law é um mercado gigantesco onde há muitas oportunidades para designers e advogados. Basta fazer bem feito ouvindo o usuário e criando em equipe. 

Então estude pratique divirta se e conte comigo.

O que isso tem a ver com o direito?

Algumas sacadas que você pode usar na sua prática diária
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